Ser estrangeiro em um país com idioma diferente é um desafio, torna-se ainda maior quando se trata de questões de saúde. Foi o que aconteceu com o casal de haitianos Senac Holene e Marie Holene, que está grávida da sua segunda filha e procurou atendimento no Centro Materno Infantil (CMI) de Contagem. A gestante precisava entender detalhes sobre a saúde do bebê, que apresenta uma cardiopatia e precisará passar por procedimentos delicados.
Ao perceber a barreira de comunicação, a equipe do CMI acionou a tradutora e mediadora cultural Angetona Dorgil, que atua na casa dos direitos humanos de Contagem. A iniciativa garantiu que a gestante compreendesse com clareza a situação de sua gestação e os cuidados necessários com o bebê. “O trabalho com a Marie Holene foi para facilitar o entendimento sobre o que está acontecendo com ela e seu bebê, assegurando que ela compreendesse o contexto, mesmo sem fluência em português”, explicou a tradutora.
De acordo com a superintendente do Centro Materno Infantil de Contagem, Dulcinéia Carvalho, o serviço de mediação cultural já faz parte da rotina da unidade e tem sido essencial para garantir um atendimento mais acolhedor e efetivo aos pacientes estrangeiros. “Esse trabalho é recorrente dentro do CMI. Sempre que identificamos a necessidade, buscamos apoio de tradutores e mediadores culturais para assegurar que os pacientes compreendam todas as informações sobre seu estado de saúde e os procedimentos médicos. É uma forma de respeitar as diferenças e promover o acesso igualitário aos cuidados de saúde”, destacou.
Senac Holene e sua esposa vivem em Contagem há sete anos. Eles têm duas filhas, e durante o parto, dá mais velha, não conheciam o serviço de mediação. “Na época do parto da minha primeira filha, meu irmão me ajudou com os trâmites. Agora, com essa gestação mais delicada, esse serviço fez toda a diferença”, contou Senac Holene.
Além de acompanhar o casal durante as consultas, Angetona Dorgil auxiliou na tradução de documentos e na comunicação com os profissionais de saúde. O trabalho ajudou a esclarecer os procedimentos médicos e os direitos da família, reforçando a importância do atendimento humanizado e acessível a todos, independentemente da origem ou idioma.
O que é a mediação cultural?
A mediação cultural é um serviço oferecido pela casa dos direitos humanos de Contagem com o objetivo de promover a inclusão, o pertencimento e o acesso a direitos da população migrante. Profissionais como Angetona Dorgil realizam desde traduções de documentos até o acompanhamento em serviços de saúde, educação e assistência social.
Dorgil é assistente social de formação e atua como tradutora e mediadora cultural, especialmente com comunidades haitianas. Seu trabalho envolve acolhimento, orientação, organização de eventos de intercâmbio cultural e atendimento a mulheres migrantes, como no caso de Marie Holene.
O serviço é gratuito e destinado à população migrante em situação de vulnerabilidade. Atualmente, a Casa dos Direitos Humanos conta com mediadores de espanhol e crioulo haitiano.
Serviço de Mediação Cultural
Casa dos Direitos Humanos
Av. José Faria da Rocha, 1016 – Eldorado, Contagem
Segunda a sexta-feira, das 8h às 17h (31) 3615-0550 | (31) 9 7306-0184
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