Em maio, dedicado à Luta Antimanicomial, o complexo hospitalar de contagem reafirma seu papel na construção de um cuidado psicossocial mais humano, justo e acolhedor.
Neste mês que simboliza a resistência ao modelo manicomial e a defesa dos direitos das pessoas com transtornos mentais, o Hospital Municipal de Contagem realizou ações significativas que reforçam o compromisso do município com os princípios da reforma psiquiátrica e do Sistema Único de Saúde (SUS), mantendo viva a reflexão e o engajamento ao longo de todo o período.
Os profissionais do HMC participaram ativamente do Circuito Municipal Antimanicomial, fortalecendo a ideia de que o tratamento em saúde mental deve ser realizado de forma humanizada e integrada à comunidade. Entre as atividades desenvolvidas, destacou-se a oficina de pintura com os pacientes da saúde mental, cujas obras estão atualmente expostas nas unidades de atendimento, valorizando a expressão artística e a individualidade de cada participante. No dia (9/5), foi promovida uma roda de conversa para pacientes e acompanhantes, abordando a importância do cuidado humanizado às pessoas em sofrimento psíquico, em consonância com os princípios da Reforma Psiquiátrica. Encerrando a programação, no dia (18/5), representantes do hospital marcaram presença no desfile estadual da Luta Antimanicomial, realizado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
Daniella Paína, psicóloga da equipe de saúde mental do complexo, reforça o papel do hospital na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). “Esses eventos são significativos para a luta antimanicomial. Participar do circuito reforça o afastamento da lógica de uma prisão manicomial para um atendimento que valoriza o cuidado humanizado e eficaz. O hospital, com seus leitos de saúde mental, atua como serviço de referência hospitalar, rompendo com o modelo excludente e promovendo o cuidado em liberdade, com respeito aos direitos humanos. Nosso trabalho só funciona porque é articulado com os demais pontos da rede, garantindo cuidado contínuo, integral e centrado na pessoa.”
Ela também destacou a importância da mobilização para além das paredes hospitalares. “Sair dos muros do complexo hospitalar para participar do desfile estadual marca nosso compromisso com a luta e reforça nossos princípios enquanto profissionais da saúde”.
Atualmente, o complexo hospitalar conta com uma equipe de saúde mental composta por psicóloga, enfermeira, técnicos de enfermagem e psiquiatras. A unidade atua no atendimento a pessoas com transtornos mentais ou com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em situações de crise. Os atendimentos são realizados a partir de encaminhamentos dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), da psicologia hospitalar ou por médicos da rede que identificam a necessidade de uma abordagem especializada.
Já a psicóloga Pollyana Costa Santos, coordenadora do Centro de Convivência/TEIA, destacou o avanço da política pública de saúde mental. “Desde que a reforma sanitária e a reforma psiquiátrica desconstruíram o modelo hospitalocêntrico, o hospital deixou de ser o único destino para tratamento. Construímos uma ampla rede de cuidados, com foco na saúde integral. A passagem do Circuito Antimanicomial da RAPS pelo HMC destaca a importância do hospital como parceiro acolhedor das pessoas com histórico de sofrimento mental. Além disso, é um ato de reconhecimento à inclusão e ao acolhimento humanizado, orientados pelos princípios do SUS.”
A celebração do mês da Luta Antimanicomial no Complexo Hospitalar de Contagem reforça o papel fundamental da instituição na transformação do cuidado em saúde mental, consolidando um modelo baseado no acolhimento, na dignidade e na cidadania de quem vivencia o sofrimento psíquico.
Autor: Jornalista - Aline Malta