O Complexo Hospitalar de Contagem (CHC) passou a integrar um projeto piloto do Governo de Minas Gerais voltado ao fortalecimento da vigilância de doenças neuro invasivas, como encefalites, síndrome de Guillain-Barré e mielite transversa aguda.
A iniciativa, coordenada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), com apoio técnico da Fundação Ezequiel Dias (FUNED), tem como principal objetivo aprimorar o monitoramento, a investigação laboratorial e a identificação de possíveis patógenos causadores dessas doenças no estado.
Essas condições neurológicas vêm sendo cada vez mais observadas em associação com arboviroses, especialmente dengue, chikungunya e Zika, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Por serem de notificação compulsória, esses casos já fazem parte da rotina de vigilância epidemiológica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do CHC. No entanto, o novo projeto propõe um modelo mais detalhado e integrado de investigação clínica e laboratorial.
Além do Complexo Hospitalar de Contagem, também participam do projeto o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)e o Hospital Odilon Behrens. A inclusão do CHC se deu pelo alto número de notificações qualificadas e pela capacidade técnica da equipe na condução das investigações neurológicas.
Com o novo fluxo, os casos suspeitos serão registrados em uma plataforma estadual específica de notificação e terão coleta diferenciada de amostras de líquor e soro, que serão encaminhadas para análise avançada no LACEN-MG (Laboratório Central de Saúde Pública). O objetivo é mapear o perfil de circulação viral e identificar patógenos ainda desconhecidos que possam estar relacionados às manifestações neurológicas.
A primeira reunião técnica sobre o projeto contou com representantes da SES-MG, FUNED, Vigilância Epidemiológica Municipal, CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde), equipe de Neurologia do CHC e Laboratório Horta Soares. Durante o encontro, foram definidos os passos operacionais e o fluxo interno de identificação e notificação dos casos.
Segundo a médica neurologista Maíra Aspahan, responsável pela condução do projeto no Complexo Hospitalar, a participação da instituição representa um avanço importante na vigilância de doenças neurológicas no Estado.
“Com essa iniciativa, teremos condições de aprimorar a investigação de casos neurológicos de origem infecciosa, muitas vezes complexos e de difícil diagnóstico. O projeto permitirá identificar de forma mais precisa os agentes envolvidos e ampliar a capacidade de resposta clínica e epidemiológica. Isso é fundamental para a saúde pública de Minas Gerais”, destacou a médica.
A meta principal do projeto é ampliar a investigação laboratorial dos casos com manifestações neurológicas potencialmente graves, permitindo identificar com maior precisão os agentes virais envolvidos. Com isso, será possível fortalecer a vigilância epidemiológica e oferecer uma visão mais clara sobre os vírus associados a encefalites, mielites, encefalomielites disseminadas agudas e síndromes de Guillain-Barré.
A participação do SSA é fundamental para o sucesso do projeto, garantindo a articulação entre os setores clínicos, laboratoriais e de vigilância. O SSA tem papel estratégico na identificação precoce dos casos suspeitos, na organização dos fluxos de notificação e no apoio técnico às equipes assistenciais, reforçando o compromisso do Complexo Hospitalar de Contagem com a excelência no cuidado e na vigilância em saúde.