O ano era 2023, Maria Aparecida de Araújo, de 65 anos, havia saído de casa para sua caminhada de rotina. Mas, no meio do percurso, algo diferente aconteceu. As pernas começaram a fraquejar, chegando a cambalear, a fala ficou confusa e, de repente, ela não conseguia mais pedir ajuda.
Em seu relato ela relembra o acontecido que poderia ter findado com sua vida. “Eu estava sozinha em casa, nos dias anteriores não tinha me sentido mal. Dei até uma boa faxina na minha casa. Antes de sair para fazer a caminhada eu tomei meu café e acendi meu cigarro e saí. Chegando no parque ecológico eu comecei a sentir um mal-estar. Fui socorrida por funcionários e eles decidiram me levar para UPA. Ao chegar, a enfermeira automaticamente identificou que eu estava tendo um AVC. Mas eu nem sabia o que era isso. Rapidamente eles me enviaram para o Hospital Municipal no qual fui atendida imediatamente”, conta.
De acordo com a técnica de enfermagem Maria Elizabeth Domingos e a enfermeira Karina Belo, já na unidade, Maria Aparecida não conseguia se comunicar, mas o olhar aflito falava por si. As profissionais agiram rápido. “O neurologista Pedro precisava saber algumas informações sobre a paciente. Como por exemplo se havia alguma alergia a medicamentos para o protocolo do AVC. Ele precisava confirmar tudo antes de aplicar o tratamento. Sem os dados em mãos a enfermeira, Karina Belo, foi fundamental e começou a investigar. “O Doutor Pedro me deu um pedaço de papel e me pediu para eu escrever o que eu lembrava da minha vida como meu endereço e um número de telefone de alguém conhecido”, relata Maria Aparecida.

Com base no endereço informado, a enfermeira Karina Belo, fez uma busca pela internet, encontrou a rua e, perguntando para a paciente, ela conseguiu identificar a imagem do seu apartamento. A enfermeira contatou o síndico que ligou para o filho de Maria Aparecida que estava em outra cidade.
Após contatar a família e validar as informações da paciente, foi dado a sequência no protocolo de atendimento. Após a realização de exames e o uso da medicação, a paciente, que estava sem a fala, começou a se recuperar. Foi um momento de muita emoção e alívio para todos. Depois dos procedimentos, em pouco tempo, Maria Aparecida já se recuperava em casa, sem sequelas.
Dados que revelam o desafio e os avanços
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Segundo dados do Portal de Transparência do Registro Civil (ARPEN Brasil), somente em 2024, mais de 39 mil brasileiros perderam a vida por causa da doença. Em Minas Gerais, foram mais de quatro mil mortes registradas.
Mas, em Contagem, o alerta é constante. O Hospital Municipal de Contagem é referência no atendimento a pacientes com AVC, único no Estado a manter o título Diamond, nos últimos seis meses, nomenclatura mais alta na classificação de hospitais referência nesse tipo de cuidado.
No último ano, o HMC recebeu 576 pessoas com suspeita da doença. Deste total, apenas quatro evoluíram para óbito, um número que mostra a eficiência e rapidez do atendimento. A média de permanência hospitalar varia entre três e quatro dias, e um dado chama ainda mais atenção, 330 pacientes receberam alta, voltando direto para casa após estabilização do quadro clínico.
O neurologista Dr. Renato Júnior reforça que agir rápido é essencial. “Os sinais de alerta do AVC são claros e devem ser reconhecidos o quanto antes. A pessoa pode apresentar fraqueza em um lado do corpo, dificuldade para falar, perda de visão, tontura ou desequilíbrio”, explicou.

Ainda segundo o neurologista, ao perceber qualquer um desses sinais, o primeiro passo é ligar imediatamente para o Samu (192) e não tentar esperar o sintoma passar. “Cada minuto conta. Quanto mais rápido o paciente chega ao hospital e inicia o tratamento, maiores são as chances de recuperação total e menores as chances de sequelas ou óbito”, completou o médico.
No pronto-socorro, a equipe de enfermagem é a primeira na linha de frente para identificar os sintomas. A enfermeira Cintia Lopes Vieira, que atua no setor, explica como o olhar treinado faz a diferença. “Quando o paciente chega com suspeita de AVC, cada segundo é valioso. Observamos a simetria facial, o movimento dos braços e a fala. Mesmo com sintomas discretos, seguimos o protocolo e acionamos a campainha e toda a equipe vem imediatamente para atender. Esse reconhecimento rápido muda o desfecho do caso”, destacou.

Cintia Lopes ainda explica que, após a estabilização do quadro, pacientes como Maria Aparecida, recebem acompanhamento de fisioterapeutas e fonoaudiólogos, iniciando o plano de reabilitação ainda dentro do hospital.
É o início de um novo capítulo de vida e de esperança. E ela resume com simplicidade o que aprendeu. “Eu não sabia que podia acontecer comigo. Agora, sei que o tempo é o que salva. E sou muito grata por ter chegado ao hospital na hora certa,” contou emocionada Maria Aparecida.
Certificação internacional reforça excelência no cuidado ao AVC
A excelência do HMC no atendimento ao AVC é reconhecida internacionalmente. O hospital foi contemplado com a certificação “Diamond”, concedida pelo Projeto Angels, iniciativa da farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim, em parceria com a Organização Europeia de AVC e a Sociedade Brasileira de AVC. A Iniciativa Angels está presente em mais de cem países e já certificou mais de mil hospitais. No Brasil, são 50 instituições, sendo quatro em Minas Gerais. O Hospital de Contagem foi o único hospital 100% SUS de Minas Gerais a receber essa certificação em 2025, fazendo parte do seleto grupo de 37 hospitais no Brasil com o título no ano.
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O neurologista Dr. Renato Júnior reforça que essa conquista é um mérito muito importante para Contagem. “Quando falamos nesse título podemos elevar o HMC ao mais alto nível de atendimento em AVC. Estamos equiparados aos maiores hospitais privados do Brasil”.
O gerente do pronto-socorro do HMC, Gabriel Nicolas destaca que tempo e a integração da equipe são fundamentais no tratamento. “Nossa equipe atua de forma integrada e preparada para reconhecer rapidamente os sinais e iniciar o protocolo de atendimento o mais breve possível. Esse trabalho coordenado entre médicos, enfermeiros e demais profissionais faz toda a diferença para garantir diagnósticos rápidos, tratamento eficaz e melhores resultados para o paciente. O compromisso do HMC é oferecer um cuidado ágil, seguro e de alta qualidade a quem chega em um momento de urgência”, afirma.

A superintendente do Hospital Municipal reforça o papel estratégico da unidade no cuidado ao AVC. “O HMC tem um papel fundamental no cuidado ao paciente com AVC. A gestão investe constantemente em capacitação das equipes e na melhoria dos fluxos de atendimento para que cada profissional atue com segurança e precisão. Essa dedicação reforça a missão do SSA Contagem de oferecer um cuidado integral e de qualidade à população da cidade”, destacou.
O Dia Mundial de Combate ao AVC reforça a importância da informação e da ação rápida. Cada segundo faz diferença para uma recuperação plena. Histórias como a de Maria Aparecida mostram que reconhecer os sinais e procurar ajuda imediata podem mudar o desfecho de uma vida. No Hospital Municipal de Contagem, o compromisso com o cuidado ágil e humanizado continua salvando vidas todos os dias, um trabalho que une técnica, empatia e dedicação em favor da saúde da população.