Quando Mariana Alves decidiu se tornar doula voluntária, já tinha um amor profundo pelo universo da gestação e do parto. "Depois que tive meu filho, senti que precisava aprender mais sobre esse mundo e ajudar outras mulheres a viverem esse momento de forma transformadora, como eu vivi!", conta.
Mariana é uma das participantes do programa de doulas voluntárias do Centro Materno Infantil (CMI), iniciativa que vem crescendo e mostrando a importância desse suporte durante o parto. "Criar uma conexão com a gestante no momento de maior vulnerabilidade dela, às vezes em minutos, e fazê-la confiar em mim para passarmos pelo processo juntas, é desafiador e gratificante”, ressalta.
A coordenadora do projeto e psicóloga, Cecília Magna Machado, explica que o programa forma novas doulas através de um plano teórico, que ocorre anualmente durante três dias, e a etapa prática, que dura um ano. "As candidatas precisam ter mais de 21 anos, ensino fundamental completo, compromisso com o parto normal e um perfil de empatia e solidariedade. O trabalho exige paciência, dedicação e, acima de tudo, vontade de ajudar".
O CMI atualmente conta com 12 doulas voluntárias, que se dedicam a acompanhar gestantes, priorizando aquelas que estão sozinhas. Além do suporte emocional e físico, elas também aplicam métodos para alívio da dor, como massagens, banhos quentes e exercícios com a bola do nascimento. A psicóloga destaca ainda que o desafio é manter um grupo comprometido com esse trabalho. “A comunidade pode apoiar participando do projeto, pois sempre precisamos de novas voluntárias com o perfil adequado", conta.
Cecília Magna explica também que uma técnica simbólica e afetiva utilizada por algumas doulas e profissionais do parto é o carimbo de placenta. O método é utilizado para registrar a imagem da placenta em papel, criando uma lembrança artística do nascimento. A placenta, órgão essencial para a gestação, é pressionada sobre uma superfície antes de ser descartada, deixando uma marca que lembra a copa de uma árvore, representando a ligação entre mãe e bebê.
O papel da doula no parto humanizado
A humanização do parto não significa, necessariamente, um parto sem intervenções médicas, como explica Mariana Alves. "Parto humanizado não é só aquele na água, com música e sem medicamentos. É aquele que respeita a vontade da mulher. Se ela quer ficar no chuveiro, ótimo. Se precisa de analgesia, pode tomar. Nosso papel é tornar o momento do parto a melhor experiência possível".
A doula explica também que uma das grandes funções é auxiliar a gestante nos momentos críticos do trabalho de parto. "No momento do expulsivo, muitas entram em uma espiral de medo, o chamado 'momento da covardia'. É quando o corpo entra em estado de luta e fuga e elas dizem que não querem mais. Meu trabalho é trazê-las de volta à realidade, principalmente pela respiração. Se as pessoas soubessem o quanto a respiração transforma o parto, trabalhariam isso durante toda a gestação."
A designer, Ana Ester Resende, teve contato com uma doula apenas no dia do seu parto. "Eu conheci a Mariana dentro da maternidade e a presença dela fez toda a diferença. Ela me ajudou a entender o que estava acontecendo, sugeriu exercícios, posições e trouxe um aroma de lavanda que ajudou muito no meu relaxamento. O apoio emocional que recebi foi fundamental, me fazia sentir capaz. Cada vez que me lembrava de que tudo aquilo era uma onda e logo passaria, me sentia mais forte", ressalta.
A designer precisou passar por uma cesárea após dilatar 8 cm, devido a uma parada na evolução do parto. "Mariana ficou comigo o tempo todo, conversando, me tranquilizando. Foi uma experiência incrível e fez toda a diferença ter alguém que realmente se importava comigo ali naquele momento", ressalta.
Se você deseja fazer parte do projeto de doulas voluntárias do Centro Materno Infantil de Contagem, envie um e-mail para
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