Em março, mês dedicado ao Dia Internacional da Mulher, o Serviço Social Autônomo de Contagem (SSA) selecionou mulheres de diversas origens e trajetórias. Semanalmente, elas vão compartilhar suas experiências e reflexões sobre o significado do dia 8. Suas perspectivas enriquecem a discussão sobre os avanços conquistados, os desafios persistentes e o caminho rumo à igualdade de gênero. As histórias dessas mulheres inspiram a valorizar e celebrar as conquistas atuais e seguir em frente na luta por um futuro mais justo.
“Eu carrego comigo um ditado que aprendi com minha bisavó materna — “A vida é dura pra quem é mole”. Esse ditado sempre me acompanhou. Sou do interior e vim estudar em Belo Horizonte aos 14 anos, ainda adolescente, sentindo muita falta da minha família. Naquela época, não havia celular, então, a comunicação diária era impossível.
Minha cidade natal fica no Vale do Jequitinhonha, a 776 km da capital. Já cheguei a passar até um ano sem ver meus pais, mas a vontade de vencer, de ser alguém na vida, era imensa! Eu não queria voltar para o interior sem uma formação de nível superior, de forma alguma. Então, superei a saudade e as dificuldades, relacionadas à necessidade de me virar, longe da família e não por ser mulher. Nunca me senti desvalorizada ou diminuída. Venho de uma família de mulheres muito guerreiras, como minha mãe e minhas avós, que são exemplos para mim. A minha maior realização foi ser mãe.
Sou mãe atípica de uma menina, a guerreira Helena. Ela superou duas leucemias e, durante os seis anos de tratamento oncológico, acreditei que tudo daria certo. Nunca imaginei o contrário; sempre vislumbrei o futuro e estive ao lado dela, vencendo as adversidades do dia a dia de uma criança atípica, que não são poucas.
Quanto ao meu trabalho, estou há 15 anos na rede de saúde de Contagem, em cargos de gestão. Sempre tive voz ativa e a oportunidade de colocar meu ponto de vista. Trabalhar em hospital exige muito amor e dedicação, e isso é algo que tenho de sobra. Diariamente, são muitos os desafios, mas eu não me canso. Sei que, no trabalho que realizamos, não dá para deixar nada para depois. Contribuir com os grandes avanços do Hospital, me alegra e renova minhas energias. Minha posição enquanto mulher é clara — O lugar da mulher é onde ela quiser estar, e não deixo ninguém tirar proveito disso”.
Olívia Fernandes Bonfim
Superintendente do Hospital Municipal de Contagem
Autor: Jornalistas - Aline Malta
